Talvez você tenha ouvido falar muito sobre representatividade nesses últimos anos, tem sido um assunto bastante discutido em diversas áreas e claro que não seria diferente na ciência. Artigos e jornais falando sobre a ausência de determinados grupos fazendo pesquisa e como cada vez mais eles estão sendo inseridos, mas será mesmo que alcançamos essa diversidade toda dentro da ciência?
“São 5 mil pesquisadores negros para um total de 192 mil pesquisadores no Brasil.” afirma o pesquisador Henrique Antunes Cunha Júnior, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
“As mulheres são cerca de 54% dos estudantes de doutorado no Brasil” afirma Fernanda De Negri, ela continua mostrando que apesar desse número nas ciências da computação e matemática as mulheres são menos de 25% .
Através destes dados, quero mostrar de forma clara, que sim, de fato esses espaços estão sendo inseridos mas ainda temos muito a fazer.
Mas sendo bem sinceros aqui, qual é de fato a relevância de ter esses espaços ocupados por diferentes pessoas?
As nossas diferenças fazem com que olhemos para o mundo de variadas maneiras, a forma como os cientistas brasileiros olham para o problema da COVID-19 é diferente de cientistas do outro lado do mundo, claro, é preciso seguir uma metodologia, uma linguagem científica que faça sentido para ambos, porém a forma como é abordado aqui pode contribuir muito para outros países e vice-versa.
Até mesmo dentro do Brasil podemos ver como cada cientista vai olhar para um problema recorrente na sua região e até mesmo outros países ou futuramente as outras regiões do Brasil precisem dessas ideias. Isso é simplesmente fantástico!
Cada pessoa com a sua diferença pode contribuir muito mais naquilo que lhe afeta diretamente, imagine, por exemplo, uma pessoa com alguma deficiência física fazendo parte de um projeto de engenharia para ter mais acessibilidade nas faculdades, o olhar de uma pessoa que vivencia isso todos os dias seria muito útil.
Mas é claro que esses cientistas não precisam e não são importantes apenas nessas questões, no geral não ter uma variedade de pessoas fazendo ciência revela um problema preocupante, afinal, são poucas pessoas olhando para o mesmo problema, resultando em menos soluções.
As diferenças fazem diferença.
Outro exemplo bastante necessário de pautar aqui, é a importância da representação, acredito que você assim como eu, quando era criança seguia muito o exemplo do outro, ficávamos a observar o mundo e imitar, e ao ter mais mulheres nas áreas de engenharias, por exemplo, pode ser um incentivo para meninas que até gostam da área mas sentem medo.
Como dizia um grande amigo meu:
O problema é que muito desses grupos não tem a liberdade de escolher, nascem sem privilégios em um país tão desigual quanto o Brasil e por causa disso estamos, como sociedade brasileira, perdendo grandes possíveis inovações. O mundo todo perde.
Eu nem preciso citar e já tenho certeza que você já pensou em vários exemplos, como a questão dos indígenas, deficientes, intolerância religiosa, capacitismo e por ai vai, a lista é grande.
Acredito fielmente que a solução para isso é uma educação mais justa e igual e cada vez mais a ciência acessível para TODOS, entendo que a diversidade dentro da ciência e de qualquer área, não tenha que ser o objetivo em si mas sim, uma consequência de uma sociedade mais democrática e livre!
Referências